sábado, 14 de novembro de 2009



Reserva Ambiental Ameaça Agricultores da Estrada do Estanho

Aconteceu neste dia 07 de novembro no Parque de Exposições do Distrito de Santo Antonio do Matupi (mais conhecido como “180) uma reunião onde os destinos dos agricultores que ocupam terras naquela região seriam decididos.
Como no caso da Comunidade de Raposa Serra do Sol, os agricultores estão com medo de terem o mesmo destino que os seus colegas de Roraima, pois sob forte pressão do Instituto Chico Mendes que entre outras alegações diz que a estrada onde estão as suas propriedades não é ocupada, não tem vocação agrária, tem fortes indícios de servir ao tráfico de drogas além de passar quase todo o tempo no mais completo abandono, pois conforme o Instituto somente sete famílias ocupam o local.
Na reunião estavam o Deputado Estadual Chico Preto, representando o governador, Paulo Quirino Secretário Executivo de Agricultura de Humaitá, que também tem propriedade no local, o Prefeito de Apuí Marquinhos além de várias lideranças estaduais e locais.
A Rodovia do Estanho como é chamada foi uma iniciativa dos próprios exploradores de minério de cassiterita que a construíram nos anos 70 para dar vazão à produção. Conforme o tempo foi passando a rodovia veio a se tornar de suma importância, pois em épocas de chuvas, quando a estrada para Humaitá (Transamazônica) fica intransitável esta é a única saída por terra impedindo que as localidades que dela se utilizam fiquem isoladas fazendo uma ligação com os estados de Rondônia e Mato Grosso.
Pode-se notar o desconforto e insatisfação dos moradores que alegam terem sido trazidos pelo governo Federal para povoarem a região e agora estão ameaçados de ficarem no olho da rua sem que seus direitos sejam atendidos e ressarcidos com o valor que realmente valem.
Entre os que discursaram salientamos o Deputado Chico Preto que afirmou:
Em nome da Assembléia. Temos dado sempre um grande carinho, estes brasileiros trabalhadores de Matupi para, pois estes que aqui estão vieram do Sul do País para aqui se fixarem, fazendo desta região uma das mais promissoras no estado.
As pessoas que moram no outro lado do mundo estão nos pressionando por que eles já destruíram o que era deles e agora olham pra nós, devemos preservar sem esquecer que existem seres humanos que precisam viver e trabalhar neste chão. O governador está saindo mundo afora dizendo que os países ficaram ricos destruindo suas florestas e agora o que farão por nós, quanto vale toda a nossa riqueza? Porque não podemos explorar a nossa região?
Não dá pra ficar em Brasília girando o mouse vendo imagens de satélite e depois determinar a saída de pessoas dos seus lugares sem conhecer direito as suas realidades.
O Instituto Chico Mendes não vai criar nada no nosso Estado na marra como era no passado.

Segundo o Instituto Chico Mendes a estrada deveria ser fechada, entretanto dado a grande importância da estrada para a região decidiu-se por mantê-la, fazendo a retirada das famílias com a devida indenização, entretanto o líder da ASPROMAT (Associação dos Pecuaristas e Produtores Rurais do Matupi) Nardeli Delmiro Gomes, lutou para que ao invés de se fazer a retirada dos moradores indenizando-os, far-se-ia o remanejamento para área próxima obtendo assim a simpatia dos membros do Instituto que prometeram estudar com carinho as reivindicações dos moradores da Estrada do Estanho.
.
Prefeito Marquinhos Apuí também discursou dizendo:

Tenho acompanhado todas as reuniões e afirmo que transformar a Rodovia do Estanho em Estrada Parque é dolorido pra nós. Hoje há um abandono das propriedades pois não nos ouviram para tomarem as decisões. A questão na rodovia do Estanho e assim: ou negociamos ou perderemos tudo, para manter a estrada aberta já foi uma grande luta.
Como produtor e não Prefeito, digo que devemos fazer um acordo. Será que vão querer que nós saiamos de onde estamos pra catar coquinho do outro lado? Pra viver de extrativismo de escritório é muito fácil, agora lá onde tudo acontece é muito mais difícil, formar um filho do extrativismo não é possível.
Estamos desconfiados da aceitação pelo instituto Chico Mendes, devemos lembrar tudo que está ali, pois são histórias de vida que doem. Pra evitar um despejo devemos sair daqui com uma proposta, levantando se haverá condições financeiras para reestruturação destas famílias.
Existem certas brigas que não dá para se tornar num Vietnam onde pensamos que vamos ganhar e levamos chumbo. Nós do Apuí somos mais parceiros de vocês do que propriamente o prefeito daqui podem contar comigo.

Paulo Quirino finalizou os discursos:

O Prefeito Marquinhos foi muito feliz e está coberto de razão. O parque nacional do Amazonas nos deu há 8 anos uma mancha preta no mapa do ministério que indicava a área seria de proteção ambiental, compreendendo tudo o que está em voga hoje. Sabemos que tudo hoje exige sustentabilidade. Se viajarmos de avião pelo estado olhando de cima só se vê água e mato, somos preservados, mas precisamos produzir.
Ninguém é contra o meio ambiente, o que nós queremos é trabalhar, não temos nesta região questões de grilagem de terras, nem estamos num campo de guerra onde morrem pessoas todos os dias como afirmam, aqui no 180 as terras são boas e o povo é trabalhador.
Se há alguma desconfiança em relação a qualquer movimento na estrada cabe as autoridades fazerem a supervisão, somos abandonados pelo poder público e não bandidos. Eles vêm dar pressão encima da gente e depois somem, os que vão à estrada não visitam as pessoas de fato.
O que nós entendemos de todo este processo é que o governo no final quer que todos vivam do Bolsa-família.

Após a sessão de discursos decidiu-se por fazer uma contra-proposta ao Instituto Chico Mendes, propondo o deslocamento dos prejudicados que ficarão numa área próxima, com perdão das dívidas antigas e possibilidade de reinício de vida, começando do nada. Nada palavra conhecida desses brasileiros que dão sua vida pela integração do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário